Uma babel musical em São Paulo

Prestes a lançar seu segundo disco e a embarcar para a primeira turnê no exterior, o Loungetude46 fala sobre a mistura de linguagens e o trabalho inspirado em São Paulo

O grupo Loungetude46. cujo nome é a união da localização geográfica de SP e a palavra lounge

[por Andréia Martins]

Um tecido de vários cenários e referências que vêm dos quatro cantos do planeta. Essa é a banda paulista Loungetude46, que já traz no nome uma de suas principais inspirações, São Paulo (longitude 46 é a localização geográfica da metrópole).

A trupe, formada por Adolfo Moreira (baixo), Bruno Duarte (percussão e vibrafone), Mariana Degani (voz), Paulo Papaleo (bateria), Rafael “Chicão” Montorfano (piano), Remi Chatain (sopros e violão) e  Thiago Bandeira (poemas e flauta transversal), vai lançar o segundo trabalho em abril – “Ação e Reação” – e depois segue para uma turnê na Europa.

O novo trabalho aponta novos rumos no trabalho da banda, que começou unindo várias linguagens artísticas e agora parece apostar mais na música.

“Sempre tivemos o desejo pela mistura de linguagens, no entanto nosso trabalho tem a música como essência. Diferentes parceiros já passaram pelo grupo, inserindo outras formas de arte, e queremos continuar fazendo experimentações. Além disso, todos os integrantes do grupo trabalham com outros segmentos artísticos. Por isso, para esse novo trabalho, resolvemos prezar essa essência e fazer da música nosso carro-chefe. Mas isso não significa que deixamos de mesclar em nosso trabalho outras vertentes artísticas como a fotografia e a ilustração que compõe esse universo. Além disso, nosso show é bastante visual”, diz a banda ao Palco.

Nas letras do novo disco a banda faz crônicas sobre o dia a dia na metropóle – que claro, não precisa ser apenas São Paulo, o palco de experiências da trupe  – sobre a rotina cansativa e também o leque de possibilidades que a tal selva de pedras nos oferece, entre o caos e a poesia, suas ações e reações.

“’Ação e Reação’ tem como essência a nossa visão da vida cotidiana, a nossa posição perante a essa contradição urbana, o paradoxo das grandes metrópoles. São as contradições do dia a dia no mundo contemporâneo, das notícias de jornais, nas interações entre as pessoas, nas escolhas de consumo, nas questões ambientais e, mais a fundo, nas questões existenciais”, comenta a banda.

O disco vem acompanhado de um livro que reúne fotografias e ilustrações que retratam cenicamente a proposta das músicas.

“Ele representa a nossa intenção de resgatar o trabalho gráfico que era feito antigamente com os vinis, por exemplo. Era possível explorar visualmente muito mais o disco. Acreditamos também que o artista independente tem, por necessidade, que atuar em mais de uma área, e com a livre circulação musical pela internet, a música tornou-se um produto muito volátil”, conta a banda.

O lançamento do novo trabalho vem acompanhado de uma turnê na Europa – 19 shows ao todo -, momento super aguardado pela banda por ser a primeira leva de shows fora do Brasil.

“Sempre pensamos em tocar fora do Brasil. Na França, além de termos conhecidos por lá, que nos ajudaram bastante, os franceses gostam muito da cultura brasileira. Além disso, o trompetista francês Roman Quartier participou como compositor de uma das músicas do nosso álbum e se apresentou conosco em 2008. Começamos a divulgar nosso trabalho por lá e entre uma conversa de skype e outra e fomos marcando os shows”, diz a banda.

Para os gringos, o Loungetude46 vai levar seus diferentes climas e ritmos diversos, o que, segundo a banda, não confunde o ouvinte ou levanta dúvidas sobre a essência do grupo. Afinal, ser diverso e rico em referências não quer dizer sem identidade.

“Assim como a cidade de São Paulo, nossa música tem muitos cenários sim, e talvez seja mesmo essa nossa identidade. A ordem. O caos. Tudo ao mesmo tempo, agora. Em São Paulo, não é possível seguir uma única linha quando se vê tudo acontecer ao mesmo tempo e em tão larga escala, portanto, precisamos refletir nossa consciência por todos os cantos da cidade”. Ou seja, abraçar o diverso.

Para ouvir e saber mais: www.loungetude46.com

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