The Salad Maker lança terceiro disco

Show do lançamento de Only Music Now será no Inferno Club

The Salad Maker

[Natasha Ramos] A banda brasileira-formada-em-Londres The Salad Maker é daquelas que “lembra tudo, mas não se parece com nada”. Há quem os classifique como música cosmopolita moderna; ou, como um dos integrantes disse “é uma salada”.

Formada por Renato Vanzella (vocais e guitarra), Thiago Romano (baixo e backing vocals), Denis Viegas (guitarra e backing vocals) e Ricardo Pandorf (bateria), o grupo lança seu terceiro CD, intitulado It’s Only Music Now, pelo selo Pisces, nesta sexta-feira (8/4), no Inferno Club (casa de shows na rua Augusta, 501), Neste dia, tocam também as bandas Ecos Falsos e Vespas Mandarinas.

Em entrevista ao Palco Alternativo, o quarteto falou sobre a trajetória da banda, suas influências, seu novo trabalho, o que acham do atual cenário de bandas independentes e sobre os planos para este ano. Confira na íntegra o bate-papo com os caras.

Palco Alternativo: Quando foi formada a banda?

Vanzella: Em 2008. Oficialmente. Na verdade a idéia surgiu em 2007, eu e um amigo meu fomos pra Londres com a idéia de viver da música. Mas até a gente se estabelecer na cidade, arrumar um emprego, ganhar dinheiro, levou quase um ano. Encontramos um baterista lá que, coincidentemente, foi um bicho meu na faculdade. Assim montamos a banda, que iniciou como um trio.

PA: Qual foi o primeiro show da banda?

Vanzella: Tem um espaço em Londres, chamado Roundhouse (http://www.roundhouse.org.uk/), é tipo uma ONG, estúdio para as bandas ensaiarem e tudo muito barato e espaço para shows. Nós fomos convidados pelos organizadores de eventos para tocar neste lugar, em 2008.

PA: Do trio, quando começou até agora, a banda passou por muitas formações?
Vanzella:
Passou por várias formações até chegar a esta. Porque lá, em Londres, a gente fazia questão de tocar só com brasileiro, pela facilidade da língua e comunicação. Só que brasileiro é imigrante, passageiro. Por conta disso, mudou muito a formação. Por volta de outubro de 2009, virei para o Amauri e contei da minha ideia de fazer uma turnê independente no Brasil. O Amauri topou, porém não veio para o Brasil, somente eu, e dessa formação atual somente o Romano participou da turnê no lugar do Amauri. Depois da turnê, voltei para Londres e, em março de 2010, vim para o Brasil e convidei os atuais integrantes, pois já nos conhecíamos há bastante tempo, tínhamos bandas diferentes na cena de bandas independentes do ABC.

PA: Você disse que foi para Londres para viver de musica. Deu certo?

Vanzella: Deu. Não da minha música, mas eu vivia de música. Eu era musico de rua, tocava em alguns bares. Inclusive o segundo EP, o nome dele era de um bar que eu tocava quase toda sexta-feira, o Howl at the Moon.

PA: Por que vocês optaram por cantar em inglês? Foi uma escolha natural pelo fato de você estar lá fora…?

Vanzella: Eu sempre tive facilidade para compor em inglês. Aí o pessoal topou continuar cantar em inglês no Brasil.

PA: Tem muita banda que começa cantando em inglês e depois opta por português… Vocês pensam em cantar em português, ou não?

Denis Viegas: A gente pensa sim, mas não tem prazo para isso. A gente está primeiro de afirmando como banda, esse é o segundo CD que a gente está lançando agora, o Only Music Now, no dia 8 de abril…

Vanzella: Parar de compor em inglês a gente não vai, acho que o português só vai agregar, é só mais uma ferramenta artística que se tem. Com o português, é possível passar uma outra visão diferente do inglês. E além disso, dá pra mesclar as duas línguas, como por exemplo o Boom Boom Kids [banda argentina], que faz isso com o espanhol e eu acho que fica muito legal. O Little Joy faz isso com o português…

PA: Como se deu a escolha do nome? Vocês não são vegetarianos, né?

(risos) Vanzella: Não, não. Era um lugar que eu trabalhava em Londres, um salad bar, e o meu cargo lá era o salad maker.

PA: Quais são as suas influências musicais?

Vanzella: sou fanático por Rancid, sempre fui, adoro todas as músicas deles, adoro principalmente o vocalista o Tim Armstrong, sou muito fissurado também por rock`n`roll da metade dos anos 50, começo dos 60, como Buddy Holly, Neil Richard foi quem me influenciou bastante para cantar rasgado, também gosto de rhythm and blues…

Denis: Gosto desde rock antigo dos anos 50, hardcore californiano, MPB, jazz…

Romano: Eu gosto muito de Los Hermanos, para simbolizar uma banda nacional e de internacional atual, eu gosto muito do John Mayer, que é mais pop, gosto bastante de Elvis, Mark Knopfler, Go Jimmy GO…

Pandor: eu tive minhas fases. Quando eu era bem moleque eu gostava só de metal. Aí você vai crescendo, abrindo a cabeça, ouvindo mais coisas. Hoje, do som mais pesado, eu curto um Slayer e Metallica. Do som mais antigo, eu curto uns anos 80, desde um Duran Duran até um The Clash; de nacional, Cazuza. De todos os tempos, nacional, é o Paralamas do Sucesso. De hardcore, seria o Dead Fish.

PA: Como vocês classificam o som de vocês? Eu sei que, com tantas influências, isso é bem difícil, mas…

Vanzella: Classificaram a gente como música cosmopolita moderna (risos). [Falando sério agora] É um… rock`n`roll dançante.

PA: Mais genérico impossível…

Vanzella: É uma salada, pronto. Lembra tudo, mas não parece com nada.

PA: Vocês têm dois EPs, o We Are The Salad Maker (2009) e o Howl at the Moon (2010), e agora, dia 8, vocês vão lançar o CD Only Music NowNa verdade este também é um EP, mas a gente está chamando de álbum porque se você fala EP, as pessoas pensam que é uma demo e não é. A gente fez a maior “produça”, investimos muito dinheiro, contratamos um produtor musical para ver as nossas composições, dar umas dicas, contratamos músicos para complementar todo o projeto, escolhemos músicas a dedo, com muito cuidado. Então falar que é um EP para o cara achar que é uma demo é muito menosprezar. Não é um álbum porque não tem dez, doze faixas. Então não sei o que é… De repente, um disco, um CD.

Vanzella:

PA: Falem um pouco mais desse trabalho. Vai ser lançado de forma independente?

Romano: Não. Vai ser lançado pelo selo Pisces. Nós gravamos no estúdio Tribal, com o Julio Meira, que é o nosso produtor (trabalhou com o Tihuana, fez direção de voz do Fiuk).

PA: São só músicas novas?

São cinco músicas inéditas.

PA: Vocês costumam participar de festivais?

Romano: Tocamos recentemente no Grito Rock, [festival realizado em várias cidades do Brasil] mas fora este nós não tocamos muito em festivais porque a gente não paga para tocar. Os convites que recebemos não foram viáveis, era muito investimento.  A gente não nega por estrelismo, mas por condição mesmo. Tocamos no Grito Rock de Santo André, porque nós somos de São Bernardo, era viável.

PA: E casas de show?

Vanzella: Em São Paulo, tocamos no Berlim, Hangar, Casa do Mancha, Outs, Studio SP, Sattva e vamos tocar agora dia 8 de abril no Inferno. Boom Bar, em Campo Grande. Rock and Drinks, no Rio. Voodoo Bar em Campinas.

A turnê pelo Brasil, no começo de 2010, passou por Bauru, Campinas, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Assis, Urupês, São Paulo, São Bernardo… Tudo na base dos contatos.

PA: Eu vi que vocês tem uns vídeos no Youtube, tem até um clipe oficial o “Bigger Than This”. Foi gravado na Avanhandava?

Sim, uma parte foi gravada lá e a outra parte foi gravada num bar em São Bernardo. A edição foi feita por um amigo nosso que trabalha na Band. Quem gravou foi o nosso fotógrafo, Caio Paifer (Hori, Fiuk), a gente também trabalha com um videomaker, Edgard Ishikawa, que tem uma empresa chamada Coleta 1994, trabalha com artistas como o rapper Emecida.

PA: Você tem uma rede de amigos colaborativos, hein!

Denis: Nossa bastante, economiza muita grana.

PA: Vocês falaram que dividem o tempo da banda com trabalho. O que vocês fazem?

Romano: Eu fazia engenharia até semana passada, tranquei porque já está chegando num nível que não está mais dando para conciliar, mas ainda trabalho na área.

Denis: Eu faço uns freelances de publicidade.

Vanzella: Acabei de entrar na área de construção civil. Me formei em publicidade e propaganda, trabalhei um tempo na área, mas percebi que não era pra mim.

Pandor: eu e minha esposa temos uma marca de roupa, a Elephant. Está até na etiqueta da capinha do CD Howl at the Moon, somos nós que produzimos. E atualmente, estamos trabalhando numa estamparia.

PA: O que vocês acham no cenário atual de bandas independentes no Brasil?

Vanzella: Fizeram essa pergunta pra banda em dezembro eu já vou responder algo totalmente contrário do que eu disse na época. Eu acho que é uma indústria que explora o trabalho das bandas independentes, é muito desorganizado, muita falta de profissionalismo, o pessoal lê muito pouco.

Denis: as casas de show exploram porque tem bandas que abrem as pernas…

Vanzella: É muito difícil fazer uma negociação com uma casa, é muito cansativo, falta profissionalismo. Acho que é um monte de gente que gosta de som e quer ganhar um dinheiro com isso, mas não sabe como trabalhar, nem nunca leu muito. Mas, eu ainda sou otimista, esse cenário melhorou bastante e ainda tende a melhorar.

PA: Quais são os planos neste ano, além de lançar o CD?

Vanzella: Ao contrário do que qualquer banda faria a gente vai tocar pouco, porque a ideia é descobrir os lugares onde as pessoas trabalham direito, onde você vai poder voltar, ganhar seu dinheiro, sem ser explorado. E como a gente sabe, não existem muitos desses lugares no Brasil. O lance vai ser meio investigativo. Então vai ser essa a ideia: fazer menos shows, mas fazer mais shows certos.

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