A alma da música

Banda Reverendo Franklin

A big band paulistana Reverendo Franklin é uma das atrações do Rock in Rio 2011

[Por Natasha Ramos]

Uma dose de swing e soul music em releituras inusitadas. Essa é a receita da big band paulistana Reverendo Franklin, uma das atrações do Rock in Rio 2011. Concebida há pouco mais de três anos, pelos parceiros musicais Marinho Ponci (guitarra), Fábio Ferri (baixo) e Ângelo Kannan (bateria), a banda conta ainda com arranjo de metais, teclados e quatro estonteantes vozes femininas.

“Eu, Fábio e Angelo tocávamos juntos na banda de classic rock The Brittos. Em certo momento, sentimos necessidade pessoal de tocar coisas mais elaboradas e arranjos mais complexos, com mais alma. Resolvemos voltar no tempo em busca da raiz do rock’n’roll, que sempre foi nossa paixão. Nessa busca, viajamos para New Orleans e Memphis, onde fizemos uma imersão no mundo do rhythm and blues do Jazz and Heritage Festival. Resolvemos trazer esse conceito: com uma pitada desses estilos poderíamos modificar qualquer música, bastava ter alma e emocionar as pessoas”, explica o guitarrista Marinho.

O processo de escolha do nome da banda foi outra pesquisa minuciosa. Além de ser o pai de Aretha Franklin, Reverendo Clarence LaVaughn Franklin — ou apenas Reverendo Franklin — teve grande importância na história da música negra e na guerra contra a segregação racial.

“Ao lado de Martin Luther King, ele foi a parte musical dessa luta e, através das músicas de louvores, conseguiu levar sua mensagem ao povo, reunindo multidões para sua igreja e seus cultos… Essa história nos fascinou, pois era exatamente o que esperávamos da banda: que ela pudesse trazer multidões para os nossos shows e que pudéssemos transformar as pessoas através de nossas músicas, além de ser uma homenagem a essa pessoa extraordinária”, conta Marinho.

Com uma proposta inusitada, a Reverendo traduz o balanço do soul para o cenário brasileiro, recriando sucessos de Aretha Franklin, Ike e Tina Turner, Etta James, além de versões contagiantes das músicas de Roberto Carlos, Som Nosso de Cada Dia e Rita Lee. “Queremos mostrar que o soul não é só um estilo musical, e sim uma forma de sentir a música”, diz Marinho.

Como muitas bandas no início de carreira, a Reverendo Franklin optou, primeiramente, por tocar releituras de músicas famosas para firmar seu nome na cena musical brasileira. Após terem adquirido certa notoriedade, a banda já considera mostrar trabalhos autorais. “Já está em andamento, devemos lançar a primeira música inédita no Rock in Rio”, comenta Marinho.

E por falar em Rock in Rio, o grupo é atração do sábado (24/9), no palco RockStreet, do festival carioca. “Quando conhecemos o projeto deste ano, vimos que eles teriam uma reprodução da Bourbon Street de New Orleans dentro da cidade do rock. Fomos atrás dos produtores do festival para apresentar nosso trabalho, pois acreditávamos que tínhamos total sinergia para tocar nesse cenário. Após ouvirem nosso CD e conhecerem a banda por vídeos no youtube, fomos convidados a participar desta edição”, conta Marinho.

É a primeira vez que a banda participa de um festival desse porte, e com um CD homônimo, lançado em 2009 pelo selo independente Bymyself Records (da própria banda). Para este ano, os planos estão focados na produção de mais músicas autorais, na divulgação do trabalho ao máximo de pessoas possível e, é claro, no grande festival carioca. “Estamos montando o set com o maior cuidado possível para poder trazer emoção e muita surpresa para o público nesse show. Poder tocar para uma multidão em um clima como esses que o Rock in Rio proporciona será um marco em nossas vidas e na vida da Reverendo Franklin.”

*Publicado originalmente por Natasha Ramos na revista Almanaque Saraiva.

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