Conheça o trio por trás do programa Rock s/ Dono

[Por Natasha Ramos]

Do meio acadêmico para o mundo, o Rock s/ Dono é um programa da Rádio USP, idealizado por três estudantes da ECA ―João Gabriel Gulman Rodrigues, Cauê e Valter Ribeiro Junior―, cuja proposta é divulgar artistas do cenário independente, que não têm espaço na grande mídia ―qualquer coincidência com a proposta do Palco Alternativo é pura coincidência.

Não é de hoje que o Palco também levanta essa bandeira. No Brasil, há diversos artistas muito talentosos que, se dependesse apenas da competência artística deles, estariam garantidos profissionalmente. Mas, em função do monopólio da imagem estereotipada ou dos famosos “jabás” exigidos de forma ilegal pelos principais veículos de comunicação de massa, esses artistas e bandas acabam não aparecendo.

E é para suprir essa lacuna que existe a imprensa independente: para falar de assuntos e iniciativas interessantes à população (livres de interesses corporativos), como a do Rock s/ Dono.

O programa vai ao ar todos os domingos, às 18h, na Rádio USP 93,7 FM. Além disso, eles têm um página no Facebook onde postam atualizações, uma no Youtube com um clipe da performance ao vivo do artista no estúdio e uma página no SoundCloud onde é colocada uma música com mixagem profissional do artista/banda.

>>Confira, na entrevista a seguir, mais sobre o Rock s/ Dono!

Palco Alternativo: Quem são vocês?
Rock s/ Dono: Nós somos três estudantes de audiovisual da Escola de Comunicações e Artes da USP, e sempre fomos muito apaixonados por música. Inclusive o João Gabriel e o Cauê já tinham uma banda juntos há algum tempo, e nós três sempre fomos muito contestadores em relação à estrutura de divulgação das bandas do cenário independente de São Paulo, e também do Brasil como um todo.

PA: Como e quando surgiu o Rock s/ dono?
RsD: O Rock s/ Dono surgiu em meados de 2012 (estreando em agosto) após um professor de rádio (Eduardo Vicente) do departamento de audiovisual ter percebido o interesse de nós três pela área de produção musical, pois passávamos muito tempo gravando material no estúdio de rádio do departamento.

Então, ele nos perguntou se não tínhamos o interesse em produzir um programa semanal sobre Rock independente, no estilo das College Radios americanas, para a Rádio USP, já que ele tinha ligações com o pessoal de lá. Nós aceitamos de imediato, e tivemos a ideia de chamar os artistas para o estúdio ao invés de apenas tocar suas músicas, fazendo assim um formato único. Víamos nessa oportunidade uma ótima possibilidade de conhecer e ajudar a divulgar músicos que não encontravam espaço em outros meios.´

PA: Qual a proposta do programa?
RsD: O programa baseia-se em receber nos nossos estúdios músicos e bandas, em geral de rock, mas não exclusivamente, para conversar com a gente de forma bem descontraída, sem ser propriamente uma entrevista. Além disso, eles têm a oportunidade de apresentar músicas próprias gravadas lá mesmo ao longo do programa, que mais tarde divulgamos via YouTube com um videoclipe da participação da banda, além de as disponibilizarmos para download no SoundCloud. A estrutura não é nem um pouco rígida, o programa é bem descontraído e as mudanças desde o início foram poucas, nada que mexesse na ideia básica do programa.

Los Porongas, uma das bandas entrevistadas no Rock s/ Dono

PA: Há algum fato curioso sobre o programa?
RsD: Nossa… Muitas coisas (risos). Desde produtores de bandas que cancelaram de última hora a gravação, nos obrigando a mudar o programa inteiro no mesmo dia, até integrantes de banda que gostavam de falar muita, mas muita, besteira. Nós já falamos mal do reitor da universidade (mais de uma vez) e depois tivemos que editar antes de ir para o ar, por exemplo.

Mas de modo geral as gravações são bem caóticas, e os fatos mais curiosos mesmo acabam sendo as inacreditáveis histórias que as bandas costumam contar. Por exemplo, uma delas já chegou a tocar em bordel pensando que iam tocar num bar comum. Se você for em alguma gravação qualquer dia te garantimos que dará muita risada.

PA: Como se dá a escolha do artista que será tema do programa?
RsD: No início, nós íamos atrás das bandas que já conhecíamos e gostávamos. Porém, conforme o programa cresceu, começamos a receber e-mails de bandas interessadas em participar e, hoje, o processo se dá basicamente desta forma: temos um email que as bandas podem contatar enviando seu material, nós ouvimos, e se tiver a ver com o programa, e for um som legal, nós os convidamos para uma gravação.

PA: Qual programa foi o mais bacana para vocês?
RsD: A grande maioria dos programas são muito bons, temos a sorte de sempre contar com artistas muito bacanas. É difícil escolher, mas se for para citar um de cabeça, tivemos um muito bom recentemente com dois artistas de Hip Hop, o Rote e o DJ Rude, que estreou este gênero no nosso programa. Teve também, ano passado, um com a Filarmônica de Pasárgada quando demos muita, muita, risada. Lembramos com muito carinho também nosso primeiro programa, em que recebemos nosso amigo Thommy Tannus.

PA: Vocês são fãs de alguma banda que já foi no programa?
RsD: De várias… A própria Filarmônica de Pasárgada, O Terno, Sabonetes (que agora chama-se Esperanza), além daquelas que não conhecíamos mas acabamos nos tornando grandes fãs após a gravação do programa, como Fire Department Club, Gullivera, 5prastantas, Bicicletas de Atalaia, Marcenaria, Hollowood, entre várias outras. Muito raramente recebemos bandas fracas.

O Terno, uma das bandas entrevistadas no Rock s/ Dono

PA: Qual é o cenário independente atual?
RsD: O cenário atual em si é muito bom. Nós próprios ficamos impressionados com a qualidade das bandas que vêm ao programa e que na hora de divulgar seu trabalho têm que praticamente mendigar para conseguir um espaço para apresentar ou gravar suas músicas. O problema está na estrutura corporativista dos meios de comunicação, mais especificamente no rádio.

Entendemos que a maior parte das emissoras é guiada por interesses econômicos, e assim nosso papel, produzindo para uma rádio pública, é justamente trabalhar com objetivos diferentes, que não comerciais. Por isso sempre pedimos para quem gosta da cena independente ajudar-nos a divulgar o programa através da internet, curtindo nossa página no facebook, pois isso só vai ajudar os artistas da cena independente. Inclusive achamos que deveria haver mais opções como essa em rádios não comerciais, mas isso já é um assunto que dá muito pano pra manga (risos).

PA: Na opinião de vocês, qual seria um top 5 de bandas independentes mais legais?
RsD: Top 5? Difícil… Em termos de qualidade há várias. Tem algumas que achamos que já estão num caminho mais definido, com um som mais pronto. Para citar só cinco, temos a Fire Department Club, Bicicletas de Atalaia (que acabaram de lançar um álbum), 5prastantas (que colocaram um clipe ótimo na MTV), Tokyo Savannah, e Guido.

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