O rock intenso das meninas do Comma

Comma 2

[Por Natasha Ramos]

A primeira vez que as vi tocando foi há algumas semanas no Sensorial Discos, bar descoladinho na Augusta, localizado no lado Jardins da rua boêmia. Estava lá para a festa de 11 anos do Zap’n’Roll, blog do querido amigo e jornalista Humberto Finatti, e me surpreendi quando ouvi e vi a dupla tocando: um rock feminino cheio de personalidade, executado graciosamente por Mini Lamers (voz e violão) e Didi Cunha (bateria).

A banda foi formada em 2006, mesmo ano que elas se conheceram. “Eu e Mini tínhamos amigos em comum e combinamos de fazer um som juntas. Tocamos no Elevador, uma banda que eu tinha com amigos da faculdade e logo formamos o Comma”, comentou Didi ao Palco Alternativo. As duas aprenderam a tocar sozinhas, quando ainda eram crianças.

Elas levam na bagagem dois discos recheados com músicas cantadas em inglês, nas quais é possível notar influências de cantoras e bandas com vocais femininos, como Cat Power, Lana Del Rey, Feist, Yeah Yeah Yeahs, além de divas do pop, Smiths e outras oitentices. “[A escolha pela língua inglesa] Foi natural, teve a ver com as nossas preferências musicais”, comenta Didi. “No começo da banda, nós tentamos compor algumas músicas em português, mas não rolou. Agora estamos, há um tempo, amadurecendo algumas ideias e, quem sabe, no próximo projeto já teremos novidades”, acrescenta.

O disco mais recente, Outside, lançado no final de 2013, conta com participações especiais de Daniel Maia no piano (em “Babe”), Monica Agena, do Moxine, nas guitarras (de “Babe” e “Don’t Give Up”) e Fábio Zaganin no baixo.

O Palco bateu um papo com a baterista Didi, para saber mais sobre a trajetória da Comma. Além de terem tocado em lugares inusitados, a banda ficou conhecida, em 2007, por ter aparecido no Pimp My Ride, da MTV. O programa, cuja proposta era restaurar automóveis em um estado ruim de conservação, deu uma tunada na Brasília 76 delas, fato que, por um tempo, conferiu  à dupla o apelido de “meninas da Brasília”.

Saiba mais sobre esse episódio, sobre a entrada de um terceiro elemento na Comma e sobre a história da banda na entrevista a seguir!

Capa do disco "Outside", da Comma
Capa do disco “Outside”, da Comma

Palco Alternativo: Do disco de estreia, Monkey (2009), para o atual, intitulado Outside (2013), ambos lançados de forma independente, houve uma evolução natural, tanto dos temas abordados quanto na sonoridade. Como você descreveria o mais recente trabalho da Comma?
Outside foi um trabalho mais elaborado, comparado com o primeiro. Como segunda obra, já tínhamos uma certa experiência nos processos de estúdio e pudemos nos dedicar mais aos arranjos. As guitarras vieram mais pesadas, chamamos a Monica Agena pra tocar em algumas músicas e outros músicos para os arranjos de piano e baixo. Deu um peso, que era coerente às composições da Mini, mais intensas, e o vocal dela também veio muito mais maduro. Lançamos o disco de forma independente, mas a distribuição digital foi feita através do selo da Coletiva Produtora, da Luciana Meula e Adriano Cintra (ex-CSS, atual Madrid), que pela Believe nos colocou nos maiores sites de venda, como iTunes e Amazon.

PA: Como é o processo de composição das músicas?
Ah, geralmente uma chega com a letra e uma melodia e nós desenvolvemos os arranjos juntos. Agora também contamos com o Jorge Maia, nosso guitarrista que antes se apresentava como apoio e agora está compondo com a gente, como terceiro membro da banda.

PA: Quem compõe as letras das músicas?
Nós duas compomos as letras. O primeiro CD, Monkey, foi composto tipo 90% com letras minhas. Era um disco bem fofo/esquisitinho, meio naïve até, influenciado por alguns filmes e outras ideias meio surreais. O segundo, Outside, quase todas as faixas têm letras da Mini, veio bem intenso cheio de questionamentos sobre amor, vida e morte, medos e paixões. Vai de acordo com o momento de cada uma.

PA: Há algum fato marcante ao longo dos anos de banda?
Logo no começo da banda nós participamos do programa Pimp My Ride da MTV e ganhamos uma tunagem da nossa Brasília 76. O programa foi exibido tantas vezes que a banda ficou conhecida por um tempo como as meninas da Brasília. Essa fama só passou depois que a MTV começou a veicular vinhetas especiais com a gente, mas sempre tem alguém que lembra do carro.

PA: Quais os principais locais onde vocês já tocaram?
Tocamos em muitos lugares legais e inusitados. A Virada Cultural em São Paulo e o festival Bananada em Goiânia foram dois exemplos de shows incríveis. Mas tocamos também em vários em lugares absurdinhos como uma pista de skate num campeonato só para meninas, e um show na estação da Sé às 6 horas da tarde, que foram experiências inesquecíveis.

PA: Vocês têm algum novo trabalho em vista? Em que fase está?
Estamos compondo as músicas para um novo disco, ainda em fase de criação de arranjos.

PA: Quais os planos para o futuro?
Fazer músicas que grudem nos ouvidos e façam parte da vida das pessoas de forma que jamais elas possam se livrar delas. ::

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