Priscila Tossan debuta com forte disco de riquezas sonoras e letras inspiradoras

Cantora, que ganhou notoriedade por participação em reality show, lançou o álbum “Iceberg”

Priscila Tossan, the voice brasil

Por Lucas Lima

São muitos os artistas que entram no reality The Voice Brasil e conseguem chamar atenção pela performance no programa. Porém, nem todos que saem de lá conseguem manter uma carreira em alto nível. Pelo jeito, não é o caso de Priscila Tossan, que foi semifinalista da atração em 2018 e agora lança seu álbum debute, Iceberg.

O registro é belo do início ao fim. A narrativa do disco, calcado em paredes do jazz, samba, R&B e do pop rock, é como um leve caminhar em um dia nublado, onde a luz do Sol se fortalece por ligeiros instantes. Existe a melancolia, assim como a esperança e a motivação para dias de cores mais quentes. Ilustração disso já vem logo na primeira faixa do álbum, “Vida”(Danilo Dias e Thalles Lima), onde ouvimos sobre um eu lírico perdido, porém com ambição de viver.

Não só as inspiradas composições chamam atenção para a qualidade do álbum. O modo de interpretação de Priscila, a assinatura que ela impõe com sua voz com a valorização do sotaque carioca, a leveza e a colocação de intensidade em certos momentos, dá ao álbum total singularidade. Com todos estes pretextos, a cantora é segura ao ecoar sua voz em “Disfarça e Chora”, samba gravado originalmente por Cartola. Já em “Libélulas”, que conta com a participação de Luccas Carlos e Criolo (com vozes e na composição, onde dividem assinatura com Priscila), Tossan crava com intensidade o refrão mais pegajoso do disco.

A produção do disco é assinada por Alexandre Kassin, que, com certeza, é muito influente na tamanha riqueza de elementos incluídos no álbum, desde sintetizadores que evocam o pop dos anos 80 até a criação de uma atmosfera de quase bossa nova, como no caso de “Cine Odeon” (Vitim, Aline Coutinho e Eduardo Martins), faixa onde é improvável pensar dessa forma pelos minutos iniciais, o que torna a coisa ainda mais interessante.

Além de tudo isso, Iceberg traz o reggae com “Veja Só” (Danilo Dias e Feijão), valoriza o soul na romântica “Noite de Luar” (Priscila Marcon, Willian Bruno e Priscila Tossan) e coloca a sonoridade acústica do violão como linha de frente em “Deixa os Problemas Pra Lá” (Feijão, Danilo Dias e Priscila Tossan) e na faixa-título do registro. Em “Não Sabia”, composição de ninguém menos que Luiz Melodia, a sonoridade é descontraída e dançante, assim como em “Pretinha” (João Amorim, Tiago Caetano e Priscila Tossan).

Embora, no geral, o álbum tenha refrãos chamativos, Iceberg não é um disco pop, porém é ambicioso no sentido de ser importante para a música brasileira. Sucesso ou não, Priscila, sim, fez um bom trabalho.


Priscila Tossa – IcebergUniversal Music

1 – Vida (Danilo Dias / Thalles Lima)
2 – Cine Odeon (Aline Coutinho / Vitin / Eduardo Martins)
3 – Libélulas (Priscila Tossan / Criolo / Luccas Carlos)
4 – Deixe os problemas pra lá (Vinicius Feijão / Danilo Dias / Priscila Tossan)
5 – Noite de luar (Priscila Tossan / Priscila Marchon / William Bruno)
6 – Veja só (Vinicius Feijão / Danilo Dias)
7 – Disfarça e chora (Cartola / Dalmo Castello)
8 – Céu azul (Priscila Tossan)
9 – Não sabia (Luiz Melodia)
10 – Pretinha (João Amorim / Priscila Tossan / Tiago Caetano)
11 – Iceberg (Danilo Dias / Priscila Tossan / Marcos Serafim / William Bruno)
12 – Quanto tempo faz (Priscila Tossan)

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