O Pior dos Melhores: ‘Sally Can’t Dance’ and I can’t hear

sally-cant-dance

Até o líder do Velvet Underground, Lou Reed, escorregou com um disco ruim

Por Natasha Ramos

Existem vários nomes na música que se consagraram por trabalhos primorosos. Aqueles álbuns que você não se cansa de ouvir, que marcaram momentos em sua vida ou que simplesmente soam divertidos.

Porém, depois de um tempo considerável na estrada, talvez um ou outro disco não tenha recebido a devida atenção, ou a proposta do músico mudou, e eis que surge aquele ruído na carreira do artista.

É o caso do cantor, guitarrista e compositor Lou Reed. Calma! Eu sei que muitos fãs incondicionais podem discordar, mas é em momentos como o disco Sally Can’t Dance, que se faz necessário resgatar o bom e velho senso crítico.

Pensemos no currículo de Reed. O cara foi o formador da Velvet Underground, uma das bandas de vanguarda da década de 60; influenciou nomes como Iggy Pop, David Bowie, Joy Division, Sonic Youth, Jesus and Mary Chain e até Nirvana.

Após o término da banda, Lou seguiu com sua carreira solo, tornando-se um pouco mais comercial se comparado à proposta de sua extinta banda.

Lança o álbum Transformer (1972), que traz a famosa “Walk On the Wild Side”, em que o músico muda o tom, mas não muda o tema (falando sobre o submundo de Nova York), e “Perfect Day”, a música do famoso, no universo alternativo, filme “Transpotting”.

Depois de lançar um álbum como esse, espera-se uma sucessão de bons trabalhos. Mas, dois anos mais tarde, em 1974, eis que chega Sally Can’t Dance, para decepção de alguns, indiferença de outros e, ironicamente, sucesso de vendas.

Sally Can’t Dance and I can’t hear. Uma ou outra faixa como “Ride Sally Ride” até passa (apesar dos coros insuportáveis), mas “Animal Language” deixou bastante a desejar. De onde saiu a inspiração para descrever a morte do cachorro de Miss Riley com um tiro na boca ou do gato de Miss Murphy, com um coágulo?

Até parece que o Lou fez o disco “nas coxas”. Parece… porque foi exatamente o que aconteceu. “Eu não queria fazer Sally Can’t Dance de maneira alguma. Eu gravei todos os vocais em um único take, em 20 minutos, e dei adeus. Eles me pediram algumas canções mais dançantes e eu dizia que não sabia fazer isso”. Deu para perceber. Têm faixas nesse CD que de tão calmas poderiam ser usadas como canções de ninar.

Apesar disso, e para desespero de Reed, o CD foi um sucesso, ficando entre os 10 mais vendidos (fato único em sua carreira até então). “Parece que quanto pior fico, mais vendo. Se eu não aparecer no próximo disco, provavelmente chegarei ao número 1! Ele ficou entre os 10 mais sem canção nenhuma de trabalho!”, disse Lou na ocasião.

Sally Can’t Dance
Ano: 1974
Gravadora: RCA Records

1) Ride Sally Ride
2) Animal Language
3) Baby Face
4) N.Y. Stars
5) Kill Your Sons
6) Ennui
7) Sally can’t dance
8) Billy
9) Good Taste

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *