RESENHA: ‘I See You’ – The XX

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Por Juliano de Oliveira Moraes (JJBZ)*

Então, escutei algumas vezes o tal disco novo do The XX. E está realmente um discasso porque:

1) a contragosto do que eu mais prezo num disco (ser criativo e fazer cada álbum da carreira como se fosse o 1º da banda, diferentão dos anteriores e punz), os Xs mantém ali um formatinho já bem conhecido de fazer músicas e letras, mas porra, que genialidade a deles de fazer boas coisas dentro de uma mesma fôrma.

2) porque nos 3 momentos que o trio se permite sair do padrão XX eles são geniais. Engraçado é que 2 desses momentos são nas 2 músicas que abrem o disco. Parece quase um sai pra lá “você que só quer escutar o nosso de sempre”. O peso de pista de “Dangerous” e a contrastante velocidade leve de “Say Something Loving” abriram meus ouvidos desconfiados para curtir rapidamente MAIS UM DISCO dos XX. O 3º momento notório é a orgânica “I Dare You”, que parece ser “tocada por uma banda de verdade”, rs.

Um disco mais alegre que os anteriores. Parece um sorriso de lábios finos ingleses, no rosto de 3 jovens que encontraram alguma maturidade, além de um sucesso estrondoso, ainda muito jovens.

Alguns destaques:

• As faixas 3 e 4, “Lips”e “A Violent Noise”, são praticamente um “volta aqui fã dazantiga, nós ainda te amamos”. Os vocais de “Lips” são realmente de derreter. O riff inicial de “A Violent Noise” é o mesmo “Sunset”, faixa do segundo disco Coexist (2012), noutro tom trocando uma coisinha no fim, mas isso não chega a ser um crime, principalmente para quem se afirmou ao “criar” um estilo.

• Os samples vocais do Jamie XX são a coisa certa no lugar certo. Aliás, a evolução do Jamie, prodígio e inquieto, é uma das coisas mais interessantes desse disco.

• O tom muito pessoal e simples – simplório as vezes – das letras permanece. Também parece, ainda mais, que eles dialogam entre si sobre um amor quase fraternal, quase frustrado, porém perfeito. Parece um relato exterior de relações pessoais estranhas que funcionam perfeitamente bem no íntimo. Na resenha breve que fizeram sobre o disco eles falam sobre amizade, talvez isso é o que o disco tenha de mais bonito.

• A bateria ôrganica de “I Dare you” faz o duo que canta em cima de programações com guitarra e baixos pendurados soarem como uma banda sueca mão na massa (tocando bonitinho pra fazer soar).

Minhas favoritas até agora:
1) Dangerous
2) Lips
3) I Dare You

E você, o que achou?

*Juliano é DJ desde 2005. Pesquisa música e coleciona discos desde 2008. Já teve banda, tem dois irmãos que são músicos eruditos, com quem ele está aprendendo trombone para tocar no carnaval e numa banda de funk. Toca na festa mensal Alta Fidelidade, que existe há 7 anos e toca só vinil, na noite de Belo Horizonte.

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