(por Andréia Martins) – Numa tarde de abril, um colega da redação chegou empolgado depois de ver, num bar, o baixista do Ira! tocando um baixo acústico em uma nova banda. Embalada pela empolgação alheia, fomos atrás de Ricardo Gaspa (ex-baixista do Ira) e descobrir mais sobre o Black Sheep Rules, banda de rockabilly que vem colocando os paulistas que curtem o rock das antigas para dançar.
Banda
A banda é recente. Começou em 2007, mas a atual formação está na ativa desde janeiro de 2008: Gaspa no baixo, o vocalista Ricardo Alpendre, Cunha (guitarrista) e Alê (baterista).
E qual é a do Black Sheep? “A princípio, o grupo se propôs a tocar covers de Elvis Presley, Eddie Cochran, Buddy Holly, Gene Vincent, Johnny Burnnet e alguns revivals dos anos 80, temos algumas composições e pretendemos trabalhá-las em um futuro próximo”, contou Gaspa.
Sobre o gênero – o rockabilly, que marca o início do rock, anos 50 e 60, época das garotas de saias de bolinhas e garotos usando jaquetas de couro – Gaspa acredita que, por mais que novas bandas não demonstrem terem sido influenciadas pelo estilo, não quer dizer que ele esteja esquecido.
“Esse gênero sempre andou pelo underground, tem um público fiel. No Brasil, a sua proporção é bem menor que em outros países. Acho que o rockabilly influencia as bandas, consciente ou inconscientemente. Não tem como esquecer de onde o rock surgiu, seria pura ignorância”, diz ele.
O lado divertido do rock, explorado por ícones do rockabilly em penteados, roupas e performance, esse sim parece ter perdido um pouco o espaço. “Acho que rock tem um pouco de tudo isso, é diversão e atitude com um pouco de ingenuidade nas letras. Penso que o rock em geral ficou um tanto complexo pro meu gosto. It´s only Rock and Roll…”, comenta Gaspa.
Quem quiser conferir o som da banda, basta acessar a página do Black Sheep Rules no My Space ou ainda melhor, assistir a banda ao vivo. O próximo show rola no dia 5 de junho no The Clock, às 20 horas, em São Paulo. A casa é especializada no gênero, por isso, aproveite para ir a caráter.
“Ira está nas mãos de Deus”
O fato de ter tocado por quase 30 anos na mesma banda não tirou o gosto de Gaspa por outros estilos. “Sempre toquei com vários grupos e várias pessoas. O Ira! me tirou um pouco isso, gosto de buscar diferentes projetos e aceito bem novos desafios”.
Prova disso é que antes do rockabilly, a aposta de Gaspa foi a surf music, em seu primeiro disco solo. “A surf music está um pouco ligada ao rockabilly. Gosto do som dos anos 50 e 60. Tenho vontade de gravar um projeto com minhas músicas tocadas no formato acústico, agora que redescobri o baixo acústico, minha verdadeira paixão”.
Sobre o Ira!, pouco a dizer, principalmente porque agora uma volta parece cada vez mais algo improvável. “O futuro a Deus pertence”, diz Gaspa, que por acompanhado Nasi em sua turnê solo, diz que apesar da separação, “metade do Ira! ainda vive!”.