Nada Surf retorna ao Brasil após quase uma década

A banda Nada Surf durante apresentação em São Paulo. Foto: Natasha Ramos

[Por Natasha Ramos] Em turnê pela América do Sul, a banda nova iorquina Nada Surf tocou na noite da última quarta-feira (25/4), no Cine Joia, em São Paulo, para um público de cerca de 1.300 pessoas. O grupo se apresenta ainda no dia 28/4, em Curitiba, no Music Hall; no dia 29 em Florianópolis, no John Bull; no dia 2/5 no Rio, no Circo Voador; no dia 4 no festival Se Rasgum, em Belém; e no dia 5 em Fortaleza, no Órbita Bar.

Sem pisar em terras tupiniquins há oito anos, o grupo estava empolgado em reencontrar seus fãs brasileiros e tocaram não apenas músicas de seu sexto e mais recente trabalho, The Stars Are Indifferent to Astronomy (2012), mas canções de seus álbuns anteriores, como a “Hyperspace”, clamada pelo público.

Os caras abriram o show com “Waiting for Something”, do último CD, seguida de “Happy Kids” do álbum Let Go (2002). “Nós estivemos aqui em 2004, já faz um bom tempo. Estamos felizes por estarmos de volta”, disse Matthew Caw, o vocalista quarentão com pinta de garoto.

“Quando viemos aqui da primeira vez, éramos três”, disse Caw se referindo à Daniel Lorca (baixo) e Ira Elliot (bateria), membros originais. No show no Cine Joia, o trio contou com o reforço de mais dois integrantes: o guitarrista Doug Gillard, do Guided By Voices, e o tecladista e trompetista Jacob Valenzuela, do Calexico.

Depois de tocar “Teenage Dreams”, também do último disco, o vocalista fala em um português bem inteligível: “Essa [próxima] música é dedicada à Elisa”, e começam os primeiros acordes de “Hyperspace”, para felicidade de boa parte do público. “Quem é Elisa?!”; fica a pergunta no ar.

O vocalista Mathews Caws e o guitarrista Doug Gillard. Foto: Natasha Ramos

A atmosfera calminha da nova canção “When I Was Young”, logo deu espaço para a animada “Threehouse”, do disco de estreia High/Low (1996). A banda também tocou “What is your Secret”, do CD The Weight is a Gift (2005), antes de sair palco. Com as luzes ainda apagadas, o público clamava pelo retorno deles, o que aconteceu após alguns minutos de muita expectativa.

“Vocês clamaram por nós e estamos aqui”, disse Caw, após soltar um “Uhull!” agudo quando chegou ao microfone. “Queremos que vocês nos acompanhem na próxima música com uma dança que vamos ensinar.” Consistia em um passinho para um lado e outro para o outro lado na música “Inside of Love”, de Let Go, seguida de “Popular”, de High/Low.

Os hits “Always Love” e “Blankest Year”, ambas do The Weight is a Gift, fecharam o show. “Quero que vocês nos acompanhem com duas palavras: ‘Fuck it’”, disse o vocalista, pedindo que o público cantasse junto com eles os versos finais da última canção.

O baixista Daniel Lorca e o vocalista Matthew Caws. Foto: Natasha Ramos

Com duas horas de duração, a apresentação matou a sede dos fãs tupiniquins de ver a banda ao vivo.Talvez, apenas uma pessoa na plateia tenha ficado frustrada, pois seu pedido da música “Icebox”, escrita em um cartaz improvisado, não foi atendido. Paciência… A ele, resta torcer para que a banda não demore novamente quase uma década para retornar.

Sobre a Nada Surf
Formada em 1992, a banda Nada Surf passou por várias dificuldades antes de se consolidar como banda independente. Ao longo da carreira, o grupo enfrentou trocas de gravadoras e lançamentos que nunca chegaram às rádios, fato que os fez serem considerados “one hit Wonder” no começo da carreira, com “Popular”, que foi tocado à exaustão na MTV da época. Em 1999, a banda foi abandonada por sua gravadora, a Elektra, e passou por um hiato que durou três anos. Durante esse tempo, os integrantes trabalharam em empregos normais. O vocalista Matthew Caws colocou os conhecimentos musicais à prova como vendedor de uma loja de discos e o baixista Daniel Lorca partiu para a computação. Só o baterista Ira Elliot continuou gravando com outros artistas. Em 2002, a banda retorna com o terceiro disco de inéditas Let Go, lançado por um selo independente. Depois dele, viriam The Weight is a Gift (2005), Lucky (2008), o disco de covers If I Had a Hi-Fi (2010) e o último The Stars Are Indifferent to Astronomy (2012).