Mão de Oito canta o amor no novo disco, “Um Dia que Já Vem”

[Por Andréia Martins]

Amor. Essa é a inspiração maior do primeiro disco do grupo paulistano Mão de Oito. Depois do EP Vim, de 2008, a banda lança agora Um Dia que Já Vem, [clique aqui para baixar] álbum que também traz a produção de Daniel Ganjaman.

“A palavra de ordem deste disco talvez seja uma mistura de trabalho e amizade”, disse o guitarrista Toca Mamberti em entrevista por telefone ao Palco Alternativo. “Todo muito é muito amigo, desde os integrantes da banda aos convidados, então foi tudo feito nesse clima”.

O disco, financiado no Catarse, plataforma de financiamento colaborativo, traz a banda à vontade para misturar linguagens e ritmos, mas que ao mesmo tempo achou uma unidade em seu ecletismo. Cohen (guitarras, violão e voz), Toca, Rafa Rodrigues (baterias), Nando Vicencio (baixo) e Careca (percussão e voz) amadurecerem a ideia de criar ouvindo sons e tocando todos juntos, em vez de apostar na “terceirização” das produções musicais.

“Foi árduo, mas valeu. Depois do EP a gente ainda fez muitos shows em São Paulo, mas chegou uma hora em que estávamos com músicas novas, tocando nos shows, mas sem grana para gravar um disco. Então paramos. Porque senão a gente ia acabar lançando um disco com musicas que todos já conheciam”, conta Mamberti.

Dividindo o tempo entre outros trabalhos e a banda, o Mão de Oito levou quatro anos para finalizar este novo álbum, que já tinha Ganjaman como produtor desde o início.

“A gente não queria fazer qualquer coisa. E a sonoridade do Ganjaman já nos agradava. Ficamos amigos antes de lançar o EP e, depois disso, avisamos a ele: ‘olha, vamos gravar um disco e você vai produzir’”.

O resultado e um disco bem brasileiro, com composições gostosas que soam como cantadas no amor. Amor entre duas pessoas, amor pelo que se faz, o amor em geral.

“O Cohen tem essa coisa de escrever sobre o amor. Amor em diversas formas. Por exemplo, tem uma letra, a da música ‘Vim’, que todo mundo pensa que e sobre namorados, mas na verdade ele fez em homenagem a minha avó, quando ela morreu. A gente costumava ensaiar na casa dela”, conta Mamberti.

Para os olhares mais atentos, a percepção de que o verso final de “Vim” seria completado com a palavra avó pode ter soado óbvio para ouvidos mais delicados: “O colo e os brindes que só você sabia dar / Não fale a ninguém isso é pra você guardar / Assim acabo o suspense de uma vez só / Essa mulher é ninguém mais que minha…”.

O disco novo traz 10 faixas sendo três da parceria de Cohen com a cantora baiana Marcela Bellas. Uma dessas parcerias é “Acorda”, que flerta com ritmos jamaicanos e baianos. A música nasceu na época em que ambos moravam no bairro da Lapa, em São Paulo, e foi inspirada na movimentação da região.

Parceira antiga de Cohen, a baiana ainda assina com ele a autoria de “Sai Dessa” e “Não Largo Mais”, outra deliciosa canção para dançar a dois.

Os convidados não param por aí. Emicida e Kamau cantam em “Beats”, em uma crônica sobre a música e o que representa viver dela. Carlos Careca toca percussão em “Moça do Sapato Vermelho”.

O resultado do disco agradou a banda que retorna à cena com um disco bem produzido pronta para encarar novamente os palcos.

“Hoje ainda não conseguimos viver só do Mão de Oito, mas acreditamos que logo isso será possível. Mesmo com muitas bandas na cena, a gente acredita que um trabalho bem feito e bem produzido faz a diferença”, diz Mamberti.

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