Mariana Froes, uma artista em construção

Reprodução do Instagram

Cantora de apenas 17 anos lançou recentemente o single “Eu”, onde reflete sobre medos e ansiedades

Por Lucas Lima

Em uma tarde de sexta-feira, Mariana Froes, de apenas 17 anos, coloca seu rosto frente à câmera para falar sobre sua nova música, “Eu”. De fato, temos nos dias de hoje muitos jovens que se destacam em diversos tipos de mídia, mas o papo que vem a seguir não é sobre sucesso ou fama, mas, sim, sobre arte. 

Mariana tem lançado de tempos em tempos alguns singles autorais nas plataformas de streaming, mas, como um caminho básico de vários artistas, começou com covers. E, foi com um deles, divulgado em seu canal do YouTube, que ganhou maior visibilidade. A música em questão foi “Girassóis de Van Gogh”, do rapper Baco Exu do Blues. Hoje, o vídeo já tem mais de 25 milhões de visualizações e comentários fervorosos.  

“Foi a partir daí que comecei a perceber que cantar seria um sonho possível. Claro, também fiquei assustada, meus vídeos não tinham mais de mil acessos”, diz a cantora. “A partir daí decidi que eu queria ser mesmo cantora”, completa. 

Desde então, as faixas autorais começaram a pipocar. E não são palavras ao vento que ecoam da voz de Mari. “Eu”, por exemplo, é uma música existencialista onde a artista faz uma viagem interna ao mesmo tempo que foge de si, vide os versos: “Ah, me mostra a tua alma/Que eu quero fugir de mim” e “Ah, me fale dos seus medos / Que quero fugir dos meus”.

“As vezes a nossa mente não é o melhor lugar para se estar. Temos medos, inseguranças. Por eu ser uma artista jovem, existe o medo de não ser boa o suficiente, tem muito a coisa da comparação, onde tudo tem que está perfeito”, explica a cantora. “Fazer arte é se expressar, colocar pra fora os seus medos sem pensar muito sobre o que vai acontecer”, completa.

E, nas faixas lançadas até aqui, podemos perceber que os olhares de Mariana não estão voltados apenas para si mesma, mas também há uma observação externa, assim como na música “Caos”, que fala exatamente sobra a loucura da humanidade, diagnóstico certeiro perante aos seres que regem o nosso planeta.

“Essa canção é um desabafo sobre o que eu observo pela janela. Escrevi quando não estava no meu momento natural. No geral, sou uma pessoa otimista em relação ao futuro”, comenta.

Na pandemia

Assim como para grande parte da população, a rotina de Mariana mudou com pandemia do coronavírus. A artista ainda está no ensino médio, porém com as aulas suspensas ela tem tido maior tempo para composições. 

“As vezes eu escrevo algumas coisas no meu celular, faço alguma música e ela fica lá por um tempo. Quando eu estou melhor emocionalmente e vejo que a canção é boa, vou lá e gravo. É um tempo para a música amadurecer. Acho muito bom essa coisa de mostrar suas próprias cores para o mundo”, explica. 

Um dos temas que aparece nas letras de Mari é a saudade, o que também ganha destaque perante ao momento de distanciamento social em que vivemos. “Tenho saudade de caminhar pela rua, parar para tomar um café. Saudade de viver. Assim como sinto falta de Morgana, uma amiga, também cantora, que mora no Sergipe”

Foto: Patricia Soransso.

Obra inacabada 

Afinal, quem é Mariana Froes? “Sou uma mistura de várias coisas, vários gêneros: rock, mpb, samba, jazz. Em síntese, assim como diz na música ‘Eu’, uma obra inacabada”, diz a artista.  Grande parte da influência musical da cantora vem de dentro de casa, em especial o samba. “Minha mãe sempre foi muito de ouvir MPB e, acredito que a partir daí, passei a me ligar mais ao samba, que é a minha grande paixão musical. Se eu quero sorrir, eu ouço samba”, declara. 

Embora lançar faixas autorais já seja uma realidade, os vídeos com covers não param. “Gravar os covers é uma coisa diferente, que levo como hobby mesmo. Eu adoro não só gravar, como também editar os meus vídeos; é uma espécie de terapia”, explica. Entre as tantas gravações, temos versões para nomes consagrados da música mundial, como Amy Whinehouse até artistas mais emergentes, como Nina Oliveira e Rodrigo Alacron. 

“Tenho escutado muitos artistas contemporâneos, como Clara Valverde, Jade Baraldo e Letrux”, diz a artista enquanto dá uma olhadela em sua conta no Spotify. “São coisas diferentes entre si, mas que tem me chamado atenção”, completa. 

De olho no futuro

Para onde ir? O que fazer? Quais os próximos passos? Estas são perguntas recorrentes a todos os seres humanos, em especial para aqueles que estão em fase inicial de alguma coisa na vida. Ao mesmo tempo, a urgência dos dias de hoje nos traz a reflexão de que a pressa não é necessariamente o melhor caminho. Quando perguntada se lançar um álbum ainda é importante, Mari responde:

“Não acho que lançar um álbum seja importante nos dias de hoje. Não é algo que eu veja como necessário, embora acredite que uma hora ou outra lançarei um. Porém, não é urgente. Não penso que tenho que lançar um álbum logo, não tenho pressa para isso”, explica. “Tenho alguns pontos a evoluir artisticamente, tanto no sentido de composição como na questão de agir com minhas ansiedades, com o medo de falhar. A prioridade agora é terminar meu EP, vou lançar mais uma música em breve e também continuar trabalhando em novas composições”, finaliza a cantora. 

Torcemos para que a obra inacabada Mariana Froes continue em construção e que, valorizemos cada vez mais os nossos velhos e jovens artistas, as tamanhas culturas que fomentam o lado bom de nosso país e as tantas nações que constroem a nossa brasilidade. 

“Tchau, obrigado”, desligo a chamada em meu smartphone, olho o céu pela janela, azul, com poucas nuvens. Ainda existe vida, ainda existe arte. 

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