ENTREVISTA: Albert Hammond Jr.

 

Por dentro do novo e pessoal disco solo do guitarrista dos Strokes

Todo mundo ama um álbum com uma história não usual por trás, e o 4º disco da carreira solo de Albert Hammond Jr., também conhecido como o guitarrista dos Strokes, traz isso. Francis Trouble apresenta ao mundo um outro lado do guitarrista, moldado por revelações familiares e uma nova perspectiva. Neste trabalho, Hammond Jr. parece abandonar todas suas inibições e encontra uma nova força musical na forma de uma pessoa inspirada em seu gêmeo nascido morto, que entrou este mundo “apenas como uma unha”.

Francis Trouble é seu álbum mais energético até então – o contraste entre esta energia e o contexto emocional do álbum foi planejado ou foi algo que aconteceu naturalmente?

Hammond Jr.: Hum… não realmente. Este foi um daqueles projetos que começam e você continua colecionando as peças pelo caminho. Eu definitivamene não sentei e tracei o projeto inteiro, não.

Eu havia acabado de voltar da turnê de Momentary Masses [seu disco anterior] e eu sabia o que eu estava sentindo falta no meu trabalho, eu sabia que eu queria fazer um álbum visceral que me permitisse mais liberdade no palco e conectasse com as pessoas de um jeito novo durante os shows, o que eu sinto eu tenho feito nas nove semanas que estou em turnê. Mas, não, isso tudo cresceu organicamente.

O que veio antes: a ideia do álbum ou a criação da persona?

Hammond Jr.: Houve vezes na minha vida em que eu tive que olhar pra mim mesmo de diferentes ângulos. Quando eu me afastei de mim, comecei a me sentir mais eu mesmo, e então aquele foi um começo interessante de algo que iria se prolongar. Eu estava cansado do peso da meu nome, e o que isso trouxe para outras pessoas e para mim, então a persona foi o jeito de descobrimento de novas ideias sem meu nome – e eu já fui experimentando tudo isso quando o elemento gêmeo se encaixou.

Quando esse tipo de informação não-planejada entra na sua vida você pode ou usar ou não isso. Se trata da sua resposta imediata… ou você ouve ou ignora. Eu nunca assumi uma persona porque ela se alinhava naturalmente. Isso me fez perceber que eu sou de um jeito e o lado que gosta de criar é uma pessoa diferente. Na minha vida cotidiana, eu sou arrumado e reservado, o que é completamente diferente desse tipo desse meu outro lado “criança numa caixa de areia” que ama criar.

Você recebeu recentemente uma notícia estranha a respeito do seu irmão gêmeo perdido – uma unha dele nasceu junto com você. Como você reagiu a isso?

Hammond Jr.: Eu estava tipo.. o quê?! Por que você não me contou isso antes? Isso teria mudado minha vida inteira. Mas, depois isso se tornou algo mais introspectivo quando eu pensei sobre isso, e, de repente, isso se tornou uma forma de eu mergulhar de volta nas minhas memórias. Não tanto nostalgia, mas eu pude reviver alguns momentos com esse entendimento.

Era como se uma nova parte do meu cérebro tivesse se aberto. É definitivamente um sentimento estranho saber que eu dividi um espaço tão pequeno com outro ser, e pensar que poderia ter sido o contrário, e a ideia disso se tornou um sentimento triunfante. Sinto muita sorte.

Você já havia iniciado o álbum quando recebeu essa notícia?

Hammond Jr.: Sim, eu estava a cerca da metade do caminho. Quando você decide escrever um alterego você não pode simplesmente pular de cabeça – leva tempo pra construir mesmo se você estiver criando isso de um esboço ou de outro ser. Então, talvez a nova informação [como uma unha] vem e reforça a ideia de ser outra pessoa. Voltando na ideia de Francis Trouble ser travesso e divertido, o objetivo era que eu fosse capaz de me libertar de ser apenas um guitarrista de uma bada famosa. É agora todo esse lado que ninguém nunca viu antes – desconectado do meu eu anterior – mas que ainda se encaixa em mim.

“Francis Trouble” é estritamente um jeito para explorar novos territórios musicais, ou você adaptou essa persona para a vida cotidiana também?

Hammond Jr.: Bem, isso aconteceu e vice versa. Eu percebi através disso que há formas de entretenimento que eu posso trazer para o palco que eu já deixei passar antes. Eu não sabia até então que o que está acontecendo agora com os shows é na verdade como eu queria ser antes e como eu sempre quis me apresentar. Tem mais a ver com se divertir. Francis Trouble não é pesado, é travesso e e essa energia vem para mim de uma maneira totalmente nova [no palco] por causa disso.

Entrevista publicada originalmente no site Clashmusic.com

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